Os olhos pediam que deixasse de percorrer as massas brancas, imensas e brilhantes de uma beleza hipnotizante, cujas formas obedeciam sem questionar aos caprichos da minha imaginação.
Sabia-os esgotados, todo o meu corpo me pedia descanso, negava-lhe essa hipótese e permitia que aquelas horas circulassem livremente em mim iluminadas pelo reflexo que entrava pela janela redonda por onde olhava há quase uma hora...
E sorria.
Não gosto de programas com datas marcadas, irrita-me a espera e, pior, a desilusão das expectativas inevitáveis.
São as decisões espontâneas em situações inesperadas que se transformam em momentos inesquecíveis.
Era só um jantar, mas voar para lá chegar, despertou o espiríto de aventura e apesar de conhecer a cidade a casa, a sensação era de férias sem destino e como sempre desejei, sem malas...
As horas no aeroporto no comboio e no metro pareceram minutos, promissores.
Ainda não tinha vislumbrado o parque que ía atravessar e já o sorriso se instalara.
Chegava a outro mundo no qual sentia ter espaço e onde só estivera uma vez.
Com o sol frio a esconder-se e as sombras a animar o verde onde eu parecia flutuar, avistei aquelas janelas por onde já tinha admirado o espaço que me faltava percorrer para chegar.
O sorriso franco e generoso com que fui recebido, espantou a sensação desagradável que se atreveu aparecer enquanto o elevador subia.
Não voltou...
Foi a conversa interessante, entre interessada e muito curiosa gente oriunda de outros mundos como eu que não sei se voltarei a ver mas para sempre ficarão comigo, que encheu aquelas horas que viu o dia nascer e as ocupou até ao último minuto.
Na inadiável despedida houve sorrisos ternos, generosos, outros já cúmplices e a promessa de outro jantar acompanhada de um brilho no olhar, sentido...
Da janela redonda, já via o tejo e o sol a esconder-se para os lados de Sintra...
Enquanto o avião roçava os telhados de Lisboa espreguiçei-me, feliz, por poder ainda, por vezes, ser espontâneo e aproveitar as oportunidades que vão passando e escolho não perder.
Sensação de liberdade !
E sorria
4 comentários:
confesso que me perdi nas nuvens ... e me esqueci da leitura!
é que eu amo estas nuvens...
jokas
:)
Elsa,
Então já somos dois!
sorrisos para ti
:)
tão lindo este quadro de acontecimentos não programados, exactamente como as formas que se desenham nas nuvens...sem mapa, sem horas marcadas, são as coincidências sempre felizes :)
S.,
Ouvi dizer por aí que não há coincidências...
Será?
:)
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