004

Vens a tropeçar enrolada na urgência que substitui as palavras que não te dirigo, nem queres, até que a sensação de que se encaminham noutra direcção te ilude a vontade de ter o retorno das tuas que não são mais do que capítulos de uma história que não é, nem nunca foi, nossa. Esta história que acabou é minha e o teu amor há muito que conta outras de que não fui personagem. Agora não crescem em frases na procura desesperada do alívio que a identificação dolorosa de sentimentos em tempos camuflados pela justificação racionalmente adequada, eficaz e com único propósito de adiar o inadiável: sentir a dôr que a perca de nós provocou, o que não serei e sentia possível contigo ser.
Foi egoísta o meu amor. Pela primeira vez senti ser parte de um mundo a que me abriste as portas onde eu sempre esbarrei. Matei o teu sem saber, nunca te abri as minhas, o que pudeste ver não era deste nem bonito e mesmo assim chegaste tão perto, como nunca o tinham feito.
É da Amiga que sinto falta, não do jogo da Mulher, ainda que as duas juntas sejam fantásticas e neste mundo improvável e raro, sei que andam por aí.


003


Quando te perdi, perdido, encontrei-me aqui e a ti.
Claro que não eras tu mas quem eu queria que fosses.
Sem saber também perdi|te|me.
Na perca dilúida noutras encontrei|te|me.


002

É uma sensação de paz que ainda que só por momentos me enche dias, empurra-me para onde por vezes a eventual hipótese de tropeçar se torna realidade e a esperada, inevitável e viciante adrenalina da descoberta não só de alguém mas de todo um mundo e no meu, outra vez, passa leve e breve o primeiro, atravessa qualquer raciocínio e instala-se confortávelmente neste que só agora percebi ter começado. Naquele, no primeiro, era e seria único, como as poucas certezas que dele faziam parte mas garantido. Perderam-se as papeladas das garantias nos mundos e ainda assim surge o sorriso satisfeito mas discreto que confirma a alegria atrevida da certeza das incertezas desejadas. Inevitáveis, neste.