Por vezes leio o que escrevi e não me reconheço. Não porque não gosto, mas porque me interrogo quem escreveu. E afinal fui eu. Mas ontem quem era eu?
Queria acompanhar com o bater do teclado os pensamentos que já passaram. Eram esses que aqui queria deixar, sem me preocupar com a gramática ou figuras de estilo, e isto, já não faz parte do que passou e aqui não consigo deixar. Justifico a incapacidade evidente de fixar nestas palavras o que agora faz sentido e amanhã, provávelmente também sem me reconhecer, ajudaria a crescer.




Inveja de quem tem a clareza de espírito e a Paz necessária para em palavras se traduzir.
As minhas fogem. Não só as palavras, frases inteiras, que ao passar me iluminam e na impossibilidade de as agarrar o tempo que preciso para as gravar, sobrepostas por outras que também já se tornaram invísiveis ainda que sentidas e por momentos responsáveis pela caprichosa e efémera paz que nestes tempos é a minha.
Queria, por vezes, parar o tempo e então perceber-me. Por momentos... a incompreensão, ou essa ilusão, que por vezes, quase sempre, permite que estas que não passaram me cheguem amanhã. E devagar, aparentemente, nestas vou crescendo.




No intervalo, provocado pelo acender de um cigarro e no filtro desagradável, de repente ensopado, reconheci as minhas, ainda que não as que queria aqui deixar.