Os desencontros preenchem a maior parte dos fotogramas onde os personagens se obrigam a responder mecânica e com total ausência de espôntaneadade nas situações em que a dúvida se atreve instalar. Respostas coerentes, reflexo de raciocínios lógicos que se enquadram neste mundo onde vivemos e são supostamente eficazes. As opções são evidentes, esclarecidas. A procura da estabilidade e da segurança que esperam eterna, indica a direcção e o bom senso confirma as escolhas.

Nos breves momentos em que os fotogramas são comuns aos personagens, invadidos por uma vontade responsável por actos e frases pronúnciadas sem que antes a análise habitual censure o conteúdo irresponsável que á posteriori, ainda que o sorriso comovido atrapalhe os argumentos que por segundos quase escorregam no brilho húmido do olhar, lhes parece descabido e desajustado do que á tanto, inteligentemente, foi planeado.
O tempo, aliado da vida, estragou-lhes os planos premeditados, seguros, á tanto definidos.
É nesse caos inegável, confirmado pela inexistência da capacidade de novos planos elaborar, que emerge, dessa realidade inesperada, aquela vontade.
Então, a sorrir, naquele brilho se afogaram. Finalmente.

A dôr que a impossibilidade de te tocar provoca, há muito não sinto.
Voltará concerteza no segundo em que o meu olhar te tocar.
Maior será a provocada pelas palavras trocadas, que inteligentes, racionalmente apropriadas, nesse momento em que as sei desnecessárias, nos empurram para um futuro indesejado.
Estas em que me afogo podiamos evitar.