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De repente, o motivo que aqui me trouxe, não é há muito a razão porque ainda aqui estou. Foi-se, sem ir misturou-se, misturou-me, perdeu a tristeza no caminho e inflamou o que do tempo ficou. Fiquei e quando me afasto, porque nada tenho para deixar, são as pessoas nas palavras que me fazem voltar. O quanto eu gosto de palavras que riem, choram, amuam, brincam e me fazem esquecer no que sinto serem só letras.
Há uma inquietante sensação de segurança desonesta que trepa cá dentro quando as páginas me tentam com o que quero já sem querer. Cresço. Lembro que o medo por vezes é ligeiro, leve, mas sempre traiçoeiro e que a dor que provoca é pior que a outra.
De repente, o único motivo és tu! Sempre te encontro nas palavras que não sei precisar mas fazes questão de por aí deixar e eu tropeçar nos nomes misturados, espremidos até ao teu que não é. Mas és. Andas por aí. Sabes o poder das imagens que as palavras têm, sabes as palavras e brincas séria como ninguêm.

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Pago a conta quase aos berros de braços no ar. Arrebanho a tralha, já composto, dirigo-me á saída iluminada na outra ponta pelo sol. Nestes preparos, rasga-se um sorriso malandro envergonhado na quase palpável expectativa do prazer que a luz, como desculpa, esconde. No chão a encher o olhar, lembro que há muito não procuro a côr certa no caminho e o quanto gosto de uma história.

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Ainda não tinha um ano e já as pernas, quase esquecidas, lhe diziam que andasse, que fosse, pelo menos a outra Freguesia. As palavras, tontas, foram também. Ficam as loucas.